segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fora do Quadradinho?



Pois é. Fora do Quadradinho. 

Por uma série de circunstâncias, depois de uma mudança interestadual, meus filhos, uma menina de  7 anos e um menino prestes a completar 4, foram parar em 2013 em escolas muito aquém de seus reais potenciais. Foi com tristeza e indignação que, morando numa nova cidade, nos deparamos com a caótica situação da escola brasileira, seja ela pública ou privada: escolas desprovidas de projeto pedagógico, professores despreparados, aulas entediantes. 

Não é que não existam escolas bacanas no Brasil. Sei que existem, até o ano passado eles estudavam em uma. Não é que na cidade em que moro atualmente não existam escolas bacanas. Existe ao menos uma na qual não conseguimos vagas. Mas o fato é que minhas crianças, que sempre estudaram em escolas cujos projetos eram baseados na construção do conhecimento e no desenvolvimento dos talentos e potenciais, se viram esse ano matriculadas dentro de quadradinhos: escolas cujas propostas ou são compradas prontas, enlatadas, ou que, embora havendo boa vontade, não há, de fato, preocupação com coisas básicas, como a formação continuada dos professores.

Assim decidimos que se eles têm que frequentar a escola por uma exigência legal,  em casa terão uma assistência maior para além da orientação nas lições de casa. Para além do papel materno e paterno nossa família vai construir um outro papel, de uma educação sistemática e organizada que não apenas complemente as lacunas que surgirão ao longo desse ano, mas que possa ultrapassar o prato frio da educação escolar que estão recebendo agora. 

Não se trata de homeschooling, pois eles permanecerão nas escolas em que estão porque infelizmente não dispomos de uma estrutura social, familiar e financeira que permita isso. Mas pensamos em construir uma ponte entre as duas coisas. Sou escritora e  fui professora da escola pública por mais de 10 anos. Minha formação inclui um mestrado e um doutorado em andamento. Meu marido não é educador mas tem outros talentos, sobretudo na área de exatas, que podemos direcionar para as crianças. Será fácil? Sabemos que não. É experimental? Totalmente. Mas acreditamos muito em nós mesmos, na capacidade que temos de pensar, de fazer e de agir para fora dos quadradinhos das fórmulas prontas. Por enquanto estou me preparando, lendo, estudando parâmetros educacionais, etc. Por enquanto tudo está ainda acontecendo conforme a demanda. Mas logo começaremos de forma mais organizada e pensada.

Esse é o nosso diário, estamos a todo vapor.


[imagem: Canard de Bain (Rubber Duck), Floretijn Hofman, 2007]

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